Na reacção incomodada às declarações de Mário Soares quem havia de tomar a palavra em defesa do Governo senão Mário Lino, o ex-comunista que é agora um elemento chave do socratismo.
Mário Lino, por uma questão cultural, só sabe funcionar numa lógica de partido único. Para ele só há um partido - embora como se sabe pelo seu caso esse partido possa mudar ao longo da vida - só há um chefe partidário e só há uma opinião que é a opinião do chefe, mesmo que o chefe não tenha qualquer opinião. Assim sendo, Mário Lino acha que toda e qualquer crítica ao que o chefe faz é uma inutilidade superveniente da lide já que o chefe não está a dormir. Aliás o chefe nunca dorme. Se o crítico for o líder histórico do partido, o seu miliante número um, Mário Lino é muito bem capaz de perguntar: mas quem é esse gajo?
A ascensão dos ex-comunistas dentro do PS foi uma das alavancas da ascensão de Sócrates até ao domínio completo do partido. Os ex-comunistas asseguram e estruturam uma unicidade e uma obediência ao chefe que tornam o debate partidário uma pura ficção. Fazem-no em troca do acesso ao poder que lhes estava vedado no anterior partido. A relação tem funcionado muito bem como se sabe, com proveitos para ambas as partes embora à custa do sacrífico do PS ou da ideia de qualquer coisa semelhante ao que o PS já foi.
PS - O ataque a Mário Soares em defesa da honra do Governo e do seu líder não foi exclusivamente protagonizada por Mário Lino. José Miguel Júdice também fez o seu pezinho. Não sabemos se não terá já aderido ao clube do Ministro das Obras Públicas, talvez impulsionado pela sua aproximação às obras ribeirinhas. Mas se não aderiu disfarça muito bem.
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