"Empresa alemã faz regressar a Portugal parte da produção que deslocou para a China"
Este movimento pode ser apenas a expressão de que as vantagens da mão-de-obra barata e da desregulamentação ambiental deixaram de ser competitivas face ao aumento do preço do petróleo e consequentemente do transporte das mercadorias. Mas pode igualmente querer dizer que os chineses estão a elevar o poder de compra das massas trabalhadoras colocando novas exigências aos investidores estrangeiros. Esta tese parece ser coerente com a importância que as autoridades chinesas dão ao mercado interno para a manutenção da situação de desenvolvimento da sua economia.
Mas é um facto que o fim da época do petróleo barato vai mudar quase tudo à escala global. Para os que ficam alegres e contentes com episódios como este admitindo que o tempo afinal voltou para trás não haverá grande esperança. Estamos apena perante um sintoma de um problema que é muito maior do que aqueles que hoje enfrentamos: o fim da civilização baseada nos combustíveis fósseis.
Recordo a este propósito o livro " O Fim do Petróleo. O grande desafio do século XXI" de James Hpward Kunstler e cito o seguinte trecho: "(...) A chamada economia global não é uma instituição permanente, como alguns pareem acreditar, mas apenas um conjunto de circunstâncias transitórias características de uma determinada época - constitui o Verão de S. Martinho da era dos combustíveis fósseis. O mecanismo que a tornou possível foi um sistema de distribuição de petróleo à escala mundial, capaz de funcionar num período extraordinariamente longo de relativa paz mundial. O petróleo barato, disponível em toda a parte, juntamente com máquinas omnipresentes para construção de outras máquinas, neutralizaram muitas ventagen comparativas anteriores, sobrtudogeográficas, criando, simultaneamente outras novas como o trabalho extremamente barato, por exemplo. O facto e um país se situar do outro lado do globo ou não ter nenhuma experiência industrial anterior deixou de ser importante. O petróleo barato levou a electricidade a locais remotos do mundo onde vlhas sociedades tradicionais tinham dependido, até então, de energias renováveis como a medeira e o estrume, principalmente para a confecção de alimentos, porque, como muitos desses locais se situam nos trópicos, o aquecimento não constituia um problema. Foi possível instalar fábricas no Sri Lanka e na Malásia, onde populações em excesso forneceram mão-de-obra desejosa de trabalhar por muito menos do que os cidadãos dos Estados Unidos ou da Europa. Os produto viajaram pelo mundo num sistema altamente racionalizado, algo idêntico ao sistema de distribuição do petróleo, utilizando navios enormes, instalações portuárias automatizadas e contentores marítimos adequados a camiões , a um custo mínimo por unidade. Camisas ou máquinas de café fabicdas a mais de 19.000 Km de disância foram enviadas para a cadeia Wall -Mar, nos Estados Unidos, e vendidos por baixo preço em todo o país. (...) Numa era posterior à do petróleo barato, o csuto dos transportes deixará de ser insignificante. A maior parte dos nossos produtos agrícolas terá de ser produzida mais perto de casa e, provavelmente, através de um esforço manual mais intenso, à medid que se forem tornando cada vez mais instáveis os abastecimentos de petróleo e de gáz natural. O mundo deixará de encolher, tornando-se outra vez maior. Mudarão radicalmente quase todas as relações económicas entre pessoas, nações e instituições, e coisas que tinhamos como certas. A vida tornar-se-á cada vez mais local.(...)"


 

Pedra do Homem, 2007



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