"Governo britânico vai nacionalizar banco Bradford & Bingley".
Quem dá o primeiro passo nacionalizando uma empresa, ou parte dela, que sendo próspera detenha uma tal posição na economia que lhe permita condicionar o desempenho da própria economia no seu conjunto. Penso em sectores estratégicos, pouco sujeitos à concocrrência externa, em que as políticas neoliberais seguidas permitiram diminuir a presença do Estado tornando-a residual.
Penso no sector dos combustíveis e em particular na GALP. Trocar a privatização dos restantes 7% pela renacionalização de uma posição de 50% num prazo curto. A preços do último negócio feito entre as partes.
Os eleitores em toda a Europa vão obrigar os partidos socialistas a tirarem a máscara atrás da qual se refugiaram durante décadas. Gordon Brown é a primeira vitíma: as intervenções do Estado não permitem ignorar que foram as suas omissões que conduziram à situação actual. Os ingleses não ignoram que são eles que estão a pagar os prejuízos das empresas e os proveitos obscenos dos que as geriam.
A política está de volta, mas a equação não se resolve com o regresso da política à la António Vitorino, com as partes a regressarem ao seu local de origem, a esquerda para um lado e a direita para o outro, como nos bailes antigos. É necessário discutir o papel do Estado e obter garantias de que uma vez no poder os partidos sociais-democratas ou do socialismo democrático não se limitam a executar a cartilha neoliberal como ainda agora fazem. Quem pode dar essas garantias?


 

Pedra do Homem, 2007



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