José Sócrates quer oferecer o resto da GALP - a parte ainda Pública - à família Amorim e à Sonangol. Quer oferecer porque foi José Sócrates e o seu Governo - o partido não sei se tem algum cois a ver com isto, pobrezito - quem escolheu a empresa que irá ficar com mais 7% da petrolífera. O Governo não aliena por hasta pública, o Governo escolhe o "herdeiro" para cujas mãos vai transferir os bens públicos. O Governo quer obter 860 milhões de euros para cumprir, apenas e só, os objectivos do Orçamento. Se os objectivos fossem inferiores o Governo vendia por menos. Dois anos antes o mesmo Governo vendeu parte da empresa - ficou apenas com 7% - com base numa avaliação que atribuía à GALP um valor de 5 mil milhões de euros. Passados dois anos a empresa estava avaliada em 10 mil milhões de euros. Muito trabalhou Américo Amorim em dois anos para um seu activo duplicar de valor desta forma. Quem quer enriquecer tem que fazer como ele, trabalhar muito a fazer bons negócios com o Governo, com todos os Governos e em particular com este Governo.
O BE propõe que seja impedida esta privatização ruinosa. E apresenta as contas sobre o que se ganha e o que se perde. Em particular o que esta operação significa do ponto de vista do controlo do défice público. A privatização anterior lesou o estado em mais de 1500 milhões de euros isto é mais de 1% do PIB. E esta, em quanto vai lesar o País. Será que os portugueses na sua maioria votariam favoravelmente a esta medida.
Do que fala José Sócrates quando fala de falta de controlo do Estado sobre a Economia? E de desregulação desenfreada? O mercado das matérias primas e da energia é ou não um mercado em que essas características da economia neo-liberal - desregulação desenfreada e minimização da intervenção do Estado, cuja última intervenção é normalmente para escolher quem ganha - mais se evidencia? O que separa o partido socialista português dos partidos mais à direita ou mais liberais nestas matérias?
Nesta altura concreta - a privatização de grande parte da GALP foi um erro brutal, apenas entendível por ser essa uma missão irrevogável dos nossos governantes - faz todo o sentido o País recuperar parte do poder que perdeu sobre a GALP. Talvez com base numa negociação feita com os valores de há dois anos. Será que os portugueses e os socialistas em particular concordariam.
Afinal, se não tivessem existido as nacionalizações em 1975, e as consequentes e muitas vezes ruinosas privatizações, como governariam desde há 10 anos ou mais o PS e o PSD o País?


 

Pedra do Homem, 2007



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