"Dias Loureiro: “Confiei que Oliveira e Costa estava a fazer bem”.
Dias Loureiro, o santo, revelou-se a todos nós por interposta Judite de Sousa. A televisão pública tem este efeito benfazejo: santifica os homens momentaneamente surpreendidos pelas sequelas da sua infinita bondade.
Eu que entendi pouco das explicações dadas pelo dr. Loureiro fiquei com umas pequenas dúvidas na cabeça. Não me lembrava aliás de duvidar da honestidade do senhor. Afinal o homem quase nada sabia dos negócios da SLN de que era um dos administradores e um dos accionistas. Saber quase nada parecia ser a regra daquela sociedade. Será que as sociedades dos nossos importantes gestores -os que negoceiam com bancos estrangeiros, contratam com países estrangeiros, almoçam com presidentes estrangeiros, exercem cargos políticos no nosso País - se caracterizam por eles nada saberem do que lá se faz? Será esta a variante nacional da boa gestão que depois conduz aos excelentes prémios distribuídos aos happy fews sempre com a justificação da tal meritocracia? Julgo, aliás, que a entrevista de Dias Loureiro fez muito mal ao conceito da meritocracia enquanto instrumento legitimador de uma cada vez maior desigualdade dos rendimentos. Afinal, eles não sabem nada não são responsáveis por nada, eles são pura e simplesmente irresponsáveis. Voltando ao "Dias Loureiro versus Judite de Sousa", tenho uma dúvida: afinal se o caso não era bom para o levar ao Parlamento, para não atrapalhar a investigações dizem eles, porque razão terá a RTP entendido que era bom para o levar ao prime-time? Já agora se o senhor não fosse o Dias Loureiro, conselheiro de estado, alguém no seu juízo perfeito pretenderia que o senhor fosse incomodado pelo Parlamento?
Isto não está fácil para conclusões mas eu arrisco uma: todos sabiam o que se estava a passar. Todos sabiam que o dinheiro voava por esses paraísos fiscais fora e que parte dele aterrava depois em confortáveis contas extra ou intra muros. Todos sabiam e muitos beneficiavam, os mesmo que na hora de pagar as contas trataram de se colocar confortavelmente ao fresco deixando o BP e o Governo com a factura na mão.
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