Um muro é a vergonha de não ter solução, a desistência.
É a lâmina da faca e da pedra virada para a face. É a vida à espera, a apodrecer.
E é nele que tudo aflui, porque está a mais, porque a sua presença guilhotina a esperança, a vida do espaço, do tempo e do horizonte que os homens precisam para não enlouquecer.
Na sua presença não há esquecimento. No pensamento dos homens o muro implora para ser derrubado, os homens ouvem-no gritar dia e noite. Cresce o desespero, o ódio, a manha.
As costas viram-se, as mãos erguem-se para a cinza que cai do céu
e o corpo é projectado para o vazio.
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Pedra do Homem, 2007



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