"Crise: Cavaco Silva diz que país não pode "baixar os braços"
A questão não se coloca nestes termos em que o Presidente da República sistematicamente a aborda. A questão é de outra natureza; trata-se de saber se estamos a tomar as medidas necessárias para minimizar, no futuro, os impactos deste tipo de crises; trata-se de saber se estamos a tomar as medidas necessárias para termos um país mais justo e mais coeso capaz de resistir melhor às crises.
A resposta parece ser negativa. Depois de vários anos a pedir aos mais desfavorecidos um esforço brutal para suportar os custos da correção do défice excessivo das contas públicas, o poder político pede aos mesmos que suportem o essencial dos problemas. São eles que são as maiores vítimas do desemprego crescente, são eles que são as maiores vítimas da desigualdade social e da desigualdade na distribuição da riqueza, são eles que são as maiores vítimas da corrupção crescente.
O Presidente remete-se a uma intervenção política negativamente marcada pelo uso e abuso do "não gosto de comentar medidas concretas".
Ora, este é um Presidente da República concreto, de um País e um povo concretos, vitimas de uma crise concreta. Pedimos-lhe que seja concreto.


 

Pedra do Homem, 2007



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