"José Sócrates garante que o seu partido é "da esquerda moderada, não da esquerda radical"
O discurso de José Sócrates nesta campanha para o lugar de secretário -geral do PS é de uma pobreza radical. Uma radicalidade construída a partir da mais confrangedora ausência de qualquer conteúdo político e de qualquer reflexão política. Uma radicalidade baseada na listagem de um conjunto alargado de lugares comuns que, em si próprios, são como a sopa-de-alho, não fazem bem nem mal.
Sócrates diz que "Os portugueses conhecem-nos de há muitos anos. Sabem que nós somos o partido da esquerda democrática, da esquerda moderada, não da esquerda radical", ou que o PS "é um partido forte, unido, aberto mas um partido responsável, que está aqui para governar o País, sempre em nome do interesse geral" ou que o PS é "um grande partido popular, o partido do povo da esquerda democrática, não um partido de vanguarda, um partido que tem orgulho em ser um partido do povo da esquerda democrática e assim queremos continuar a ser".

Qual é o significado político deste conjunto de banalidades?
Que significado tem afirmar-se que o PS é um partido responsável que governa o país em nome do interesse geral? Que escolhas políticas fez o PS nos diversos domínios? Quem beneficiou com essas escolhas e quem foi prejudicado? Será que Sócrates acha que as opções políticas tomada não merecem qualquer crítica ou mudança de rumo? Será que tudo aquilo que o PS faz é o por uma espécie de fatalidade do interesse geral?

O PS, Sócrates não o diz mas toda a gente já o percebeu, é hoje um enorme vazio, um espaço claustrofóbico onde a única ideologia aceitável é a obediência e a glorificação do líder, um lugar apetecível para todo o tipo de carreiristas e um lugar impróprio para os socialistas amantes da liberdade, da democracia e do progresso.


 

Pedra do Homem, 2007



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