País quer soluções dos líderes políticos e não descrições da crise, defende Sócrates
Ninguém descreve a crise como José Sócrates. O primeiro-ministro, insuspeito de dotes literários por aí além, dá nas suas sucessivas descrições da crise uma imagem clara da sua imaginação: uma seca. Sócrates repete-se, intervenção após intervenção, referindo-se à crise internacional como algo nunca visto pela sua dimensão, algo que só se vive uma vez na vida, a verdadeira e única causa de todos os problemas que afligem os portugueses e a única razão pela qual o seu governo sob a sua competentíssima direcção não elevou onível de vida de todos os portugueses para níveis nunca vistos, embora, como nós sabemos, tenha elevado alguns.
De certa forma Sócrates não tem soluções, ou melhor não tem soluções capazes -porque ao contrário de Obama está refém da sua política anterior e não é capaz de passar do registo do apoio aos bancos e aos grupos financeiros para o apoio concreto às pequenas e médias empresas e às famílias mais endividadas - e não quer dar o braço a torcer assumindo as propostas que as oposições têm feito. Opta por abandonar a realidade e falar de uma ficção que ele próprio criou: a de que as oposições não fazem propostas e apenas criticam as medidas - magníficas, diz ele - do Governo.


 

Pedra do Homem, 2007



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