O comunicado assinado por Vítor Ramalho, presidente da Distrital de Setúbal do PS, pretende refrear os entusiasmos excessivos que alguns militantes locais esperimentassem com uma eventual aproximação entre os autarcas desavindos - embora a transferência da equipa completa de desavindos fosse ainda mais complicada face às expectativas dos militantes- e o PS.
No entanto mostra algumas das tradicionais confusões em que vive submerso o PS ao nível autárquico.
Em primeiro lugar regista-se o facilitismo da análise das razões que determinaram a rotura entre Manuel Coelho e o PCP. A menos que Vítor Ramalho acredite no Pai Natal a afirmação de que a separação se deve a razões ideológicas não se pode levar a sério. Da mesma forma a confusão entre a situação de Setúbal e a de Sines mostra que o comunicado foi escrito à pressa e confirma que Vítor Ramalho, nesta matéria, não tem a sorte que Obama tem com os discursos.
Em Setúbal o PCP retirou a confiança política no seu Presidente da Câmara que se demitiu aceitando a sua substituição e continuou, pelo menos por algum tempo, no PCP.
Quanto à parte política substantiva do comunicado ela resume-se a um aconselhamento de prudência aos camaradas sineenses precedida de uma conclusão sobre as vantagens socialistas com esta situação, aparentemente reveladora da debilidadeda da CDU no distrito. As coisas que nos acontecem por debilidade dos outros são as melhores porque não dão trabalho nenhum. São é mais improváveis e muitas vezes não passam de miragens. O problema é que a falta de trabalho impede-nos de dizer qualquer coisa útil e sensata sobre a situação e o seu futuro. Por isso é que os comunicados mais do que uma prova de vida são, como neste caso, muitas vezes uma manifestação da falta dela.
PS - o comunicado tem um momento de humor que não quero deixar passar em claro: é quando Vítor Ramalho refere que o PS é a verdadeira esquerda do distrito. Trata-se de uma afirmação verdadeira considerando todos aqueles que estão à sua direita e que não são assim tantos.
(Ler o comunicado aqui.)
Etiquetas: Política.Equívocos.