"Ninguém faltou à festa do Bayern de Munique, nem o Sporting"
Quando era pequeno escutava ao meu pai as histórias dos cinco violinos, dos inesquecíveis Travassos, Peyroteo, Jesus Correia, e de um grande avançado que lhes sucedeu, João Martins, natural de Sines e a sua maior referência desportiva de sempre .
Talvez por isso, apesar do grande Benfica de Eusébio que ganhava tudo quando eu era pequeno, fiz-me adepto do Sporting, coisa que, como se sabe, é amor para toda a vida.
Lembro-me de ouvir falar de coisas a que não assisti mas recordo outras de forma muito intensa: os feitos do insuperável Vítor Damas, o melhor guarda-redes que vi jogar, incluo nesta apreciação todos os grandes craques internacionais, do enorme Hector Yazalde, o melhor avançado que vi jogar em Portugal, do Dinis, do Fraguito, do Hilário, do José Carlos, do Alexandre Baptista, do Morais, do Manuel Fernandes, do Jordão, do Lito, do grande Keita, que na estreia ajudou a dar três ao Benfica, do grande Luisinho, talvez o melhor central estrangeiro que alguma vez jogou em Portugal, e estou a esquecer muitos outros de forma injusta. Mais recentemente o Balakov, o Figo, o João Pinto,o Mário Jardel - o único a rivalizar com Yazalde - e o Acosta, juntaram o seu nome à galeria de ídolos leoninos e proprocionaram aos seus adeptos tardes e noites de glória.
Não me recordo de uma humilhação assim como a sofrida esta noite. Este jogo e esta eliminatória constituem a página mais negra da história do Sporting e um momento que do ponto de vista desportivo perdurará nas nossas memórias.
Por tudo aquilo que escrevi sobre o Sporting de Paulo Bento e pela completa ausência de simpatia, uma expresssão manifestamente benigna, para com o treinador do Sporting, julgo que não devia ter ficado surpreendido. Mas, muito sinceramente, não é possível ver sem espanto um nível tão medíocre, tão incompetente, numa equipa que está a disputar os oitavos de final da Liga dos Campeões. Acresce ao escândalo o facto de este Bayern não ser nada por aí além.
Foi como se o controlo de qualidade tivesse falhado e o sistema tivesse resolvido punir exemplarmente o intruso que se tinha apresentado exibindo falsas credenciais.
Vergonhoso.

PS - Nos tempos que atrás referi havia uma outra forma de lidar com a dignidade de cada um e colocando em primeiro lugar a instituição. Numa situação destas ou demitia-se o treinador ou caso não o quisessem demitir deviam demitir-se os dirigentes. Mas, isso era no tempo do visconde, que por esta altura deve estar a dar voltas no túmulo.


 

Pedra do Homem, 2007



View My Stats