Vital Moreira diz que conceito de cidadania europeia mudou conceptualmente a UE
Vital Moreira acha que a União Europeia deixou de ser uma união de estados para passar a ser uma união de cidadãos. Essa transformação aconteceu, segundo Vital, em 2002. Trata-se de uma visão do candidato do PS apenas comparável ao famoso milagre de Fátima.
Não se percebe como é possível concluir esta enormidade quando, por exemplo, na discussão e aprovação do Tratado os estados optaram por excluir os cidadãos poupando-lhes esse incómodo e colocando-se a salvo do que eles, no exercício da sua cidadania, pudessem decidir. Não se percebe que conceito de cidadania defende Vital e que conceito de cidadão. Será que a cidadania se atinge, em particular a cidadania europeia, independentemente das condições de exercício dessa cidadania? Será que estamos perante um conceito abstracto válido por mera disposição legal? Quais são as condições de exercício de uma verdadeira cidadania europeia? Será que a Europa, que se afasta cada vez mais dos objectivos do tratado de Roma, expressos no seu artº 158º, de coesão social, essa Europa onde o fosso entre os mais pobres e os mais ricos não para de aumentar, aumentando no entanto de forma desigual nos diversos países, é um espaço propício ao exercício da cidadania? Será que a Europa da precarização crescente, do desemprego crescente, da diminuição da influência e mesmo do desmantelamento do Estado Social é um espaço propício ao exercício da cidadania? De que cidadania falará Vital?


 

Pedra do Homem, 2007



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