Revolta em surdina no PS no dia do "sim" ao casamento gay
A aprovação da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo merece um aplauso veemente "desta bancada".
A sua aprovação foi feita pela esquerda parlamentar e mostra que hoje, como nos próximos 20 anos, nenhuma alteração de fundo na nossa sociedade pode ser feita sem a participação do PS ou, mais utopicamente, contra o PS.
Sócrates tem o mérito de ter lidrado este processo. Deve-lhe ser creditado o mérito político por esta vitória da nossa democracia.
Mas, Sócrates conquista o direito a fortemente criticado por ter pretendido impor ao seu grupo parlamentar uma disciplina de voto que visava apenas e só evitar que uma parte significativa dos seus deputados votassem favoravelmente o projecto do bE, claramente o projecto mais coerente e que não exclui a adopção - o rebuçado com que Sócrates pretende adoçar a boquinha dos conservadores, cujo voto corteja.
Destaque para todos os deputados que se estiveram nas tintas para a disciplina de voto. Saliência para João Soares que mandou a disciplina de voto às urtigas. Um deputado é um cidadão livre e apenas os medíocres se deixam agrilhoar. Por muito que esteja apurada a "raça" há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não.

PS - Momento alto na história parlamentar o discurso de Miguel Vale de Almeida o primeiro deputado assumidamente gay. Uma República que tem entre os seus deputados um homem como Miguel Vale e Almeida capaz duma intervenção política desta dimensão merece mais ser levada a sério.

PS1 - A direita neste debate cheirava a mofo por tudo o que era lado. Em termos de direitos humanos, liberdades individuais, igualdade entre os cidadãos perante a lei, a direita portuguesa é contumaz: quer usar o Estado para dividir e separar os cidadãos entre os bons e os maus.


 

Pedra do Homem, 2007



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