Os principais bancos portugueses tiveram, em 2004, um ano magnífico. Os lucros da CGD, Totta, BPI, Millenium e BES totalizaram o valor simpático de €1964,52 milhões . Em termos médios a evolução verificada relativamente a 2003 foi da ordem dos 20%.
Infelizmente o mesmo não se verificou com o País cuja economia viveu mais um ano horribilis, com o agravamento do desemprego, o aumento das falências e o agravamento do desquilíbrio da balança comercial. E com o tal défice a ultrapassar os 5% do PIB na sua versão sem magias.
Será que podemos concluir que afinal o que é bom para a Banca não é necessariamente bom para Portugal? Ou que talvez aquilo que é mau para Portugal possa, afinal, ser bom para a Banca?
Para explicar este paradoxo talvez os nossos "teóricos dos sectores estratégicos" encontrem excelentes explicações. Eu sugiro apenas que não deixem de ter em atenção o facto de 1964,52 milhões de euros de lucros não terem significado mais do que 147 milhões de Euros de receita fiscal. Como nesta receita não estão contabilizados os impostos que o Totta pagou a taxa média de IRC que foi paga pelos restantes foi de 8,7 % . Por outras palavras se os Bancos pagassem os 30% das outras empresas o Estado teria recebido mais 359,89 milhões de Euros.
E esta é uma história que se repete ano após ano. Com valores da mesma ordem de grandeza.
Será acerca disto que os responsáveis políticos falam quando reclamam uma maior eficácia no controle à evasão fiscal? Ou para eles o problema está apenas nas pequenas e médias empresas e nos profissionais liberais?
Já agora quantas prósperas pequenas e médias empresas e quantos milhares de trolhas são necessários para o Estado recuperar estes montantes?


 

Pedra do Homem, 2007



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