Depois de alguns dias em que não pode fazer a única coisa que o ocupou durante os últimos três anos – defender da forma mais acrítica possível o governo de direita, com uma argumentação anterior à descoberta da regra de três simples – Luís Delgado redescobriu um novo fim para a sua existência: atacar o governo de Sócrates. A razão para "tão inesperado" comportamento foi o facto de o Luís ter descoberto que o governo de Sócrates vai aumentar os impostos "a mais fácil das medidas para corrigir o défice" diz ele. A medida causa-lhe verdadeiro desconforto porque o Luís sofre com a exploração do povo. Por isso não custa perceber o seu apelo lancinante: "que país é este, afinal? Os seus cidadãos estão condenados a uma vida inteira de sacrifícios e ataque directo e implacável aos seus rendimentos do trabalho? Querem aumentar os impostos? Façam-no, mas não nos venham com mentirinhas. Já chega."
Já chega? Parece que isto esteve quase a acabar num sumaríssimo pedido de demissão do futuro governo.
Como é diferente o Luís dos seus amigos de direita que não se cansam de elogiar a coragem do indigitado ministro das finanças, indo mesmo ao ponto de o incentivar a aumentar já o IVA de 19 para 20%. Uma "desinteressada" contribuição para este governo ter um arranque pior do que o de Durão Barroso em 2002. E continuar a servir os mesmos.
Bom, em boa verdade, Miguel Frasquilho está com o Luís, contra todos os aumentos dos impostos. Ele que foi o pai do choque fiscal e que abandonou o governo depois de Durão Barroso e Paulo Portas (malandro uma ideia com tanta vida), terem feito abortar a coisa.


 

Pedra do Homem, 2007



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