O mundo espera pelo fumo branco que sairá da chaminé da Capela Sistina e que anunciará a eleição do novo Papa. Enquanto o mundo se refere a este fumo branco, penso na simbologia de paz do outro usado por antigos povos. É que este não anunciará a paz, mas talvez a ordem de algo que nos ultrapassa.
O meu fraco conhecimento nesta matéria, só me deixa formular uma banal reflexão: Apesar da resistência dos elos seculares da tradição Católica, do poder da imagem na celebração e na movimentação dos rituais, creio que se olha para a eleição do novo Papa mais como um acto político do que religioso.
Fala-se da fé e no momento de iluminação que encerra a eleição, lêem-se referências a passagens bíblicas que suportam os elos, mas sentir-se-á o espírito iluminado do que imaginamos fosse o dos primeiros cristãos?
Os elos seculares da tradição suportam-se por uma certa irrealidade criada pelas imagens. Na essência desses elos existe também algo de irreal, um suporte irreal. Porém, quando as sucessivas imagens dos rituais são expostas e transmitidas pela televisão, o peso das mesmas é esvaziado e destituido de sentido.
Será que "o homem religioso" não precisa de distância face ao seu líder e de silêncio para amarrar os elos que os ligam ao antigo tempo?


 

Pedra do Homem, 2007



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