Há alguns meses, comprei um Moleskine na A das Artes com o intento de, claro, escrever. Só compram Moleskines as pessoas que sabem serem assaltadas com frequência pela necessidade de registar um pensamento, um momento, um poema. Era esse o meu caso. Era!
Como o caso da minha falta de inspiração se espalhou, atingindo já a Pedra do Homem, de onde estou prestes a ser expulsa, vou deixar aqui o primeiro poema que escrevi no meu primeiro Moleskine. Espero que Abril seja mês de águas mil e algo mude neste deserto!

Os pés descalços excedem-se na força
São âncoras de osso em nós, argila a partir-se, carne
Chão de sementes, conchas vivas de água e pele

Finalidade abandonada, renascida em cânticos
Sombra que se move acima da terra
quando uma pedra caída das mãos
os une à vida imortal do silêncio


 

Pedra do Homem, 2007



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