O primeiro-ministro anunciou o seu pacote de medidas para enfrentar o novo monstro que nos aterroriza: o défice de 6,83%. Nenhuma verdadeira surpresa. Más medidas e medidas justas, mas, aparentemente, inúteis para o objectivo de redução do défice, talvez para tentar tornar socialmente aceitável as medidas mais impopulares. A justificarem os que entendem, talvez cinicamente, tentarem elas dar uma falsa, mas conveniente, imagem de que com este Governo "comem todos".
Sócrates ganhou o debate de forma esmagadora à direita. A posição do PSD e do PP nesta questão tem sido da mais descarada falta de responsabilidade no assumir de responsabilidades. Oportunismo político nunca antes visto. Marques Mendes e Nuno Melo, entre outros, alijaram responsabilidades e recorreram a Guterres para justificar a coisa. Bagão Felix, tinha-se antecipado, no Prós e Contras, recorrendo à mudança de condições entre a data de elaboração do Orçamento e a data de elaboração do "Relatório Constâncio". Manuela Ferreira Leite já antes, candidamente, referira que a situação só lhe dava razão. Entre linhas criticava a mudança de orientação do Governo de Santana Lopes. Nenhuma explicação sobre a falência das suas políticas - fortemente suportadas por receitas extraordinárias que atingiram montantes nunca vistos - que exigiram grandes sacrifícios às famílias e às empresas. Sacrifícios que conduziram, entre outros, a um crescimento gigantesco do desemprego.
No seu confronto com a esquerda a coisa correu menos bem. Sócrates, no essencial, veio pedir sacrifícios aos mesmos. Às famílias e às pequenas e médias empresas em particular. E concretiza um forte ataque aos "direitos adquiridos" pelos funcionários públicos.
Foram manifestas as dificuldades em assumir a resposta aos que os acusaram de adoptar medidas semelhantes às que antes criticara a Durão Barroso. Medidas que provaram no passado induzir recessão e estimularem a economia paralela, reduzindo a receita fiscal.
As dificuldades teriam sido maiores se alguém se tivesse lembrado do facto de a situação fiscal da Banca permanecer intocável. Até o Bloco de Esquerda se esqueceu desta questão. Que não é de somenos como todos sabemos incluindo o primeiro-ministro e o ministro das finanças.
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