O Jornal de Negócios fez hoje manchete da nomeação pelo Governo do PS de mais de mil gestores públicos. A comparação com o governo de Santana Lopes pareceu-lhes incontornável. Num tempo semelhante mais nomeações. Tornava-se evidente que este Governo batia o de Santana na despudorada promoção dos seus.
O problema está na forma como se utiliza o "método comparativo". Neste caso o Jornal de Negócios compara alhos com bugalhos, isto é, coisas que não são comparáveis. Durante todo o dia não se falou de outra coisa. Afinal este governo até nomeou mais boys do que o anterior. A asneira faz o seu curso e o seu trabalho.
O Governo de Santana resultou da substituição do primeiro-ministro em trânsito para Bruxelas. Durão tinha, dois anos antes, feito uma limpeza radical na Administração Pública incluindo nas chefias intermédias. Recorde-se o que aconteceu na Segurança Social com o implacável Bagão. Governos Civis, direcções de empresas públicas tudo tinha sido já ocupado por gente confiável. Estas realidades foram criteriosamente ignoradas pelo Jornal de Negócios.
Socrates, muito bem, nomeou o conjunto de pessoas necessários para os lugares de responsabilidade política. O que, como se sabe, não incluiu as chefias intermédias da Administração.Esperamos todos que ao longo da legislatura possa limitar ainda mais os lugares de nomeação partidária. Para já Sócrates tem sido moderado e mostrado sensatez e capacidade para se opor às pressões de alguns boys. Terá permitido algumas asneiras, como no caso da nomeação de Fernando Gomes para a GALP Energia. Mas quem não as comete na dificil arte de governar. Dificil é asneirar tanto na simples utilização do "método comparativo".


 

Pedra do Homem, 2007



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