Na última Quadratura do Círculo, Pacheco Pereira e Lobo Xavier desenvolveram a mesma linha de argumentação relativamente à situação criada pelo furacão Katrina e às diferentes críticas de que a Administração Bush foi alvo.
Para eles, e para a direita em geral, quaisquer críticas que se façam ao desempenho da Administração só podem ser consequência de um "antiamericanismo primário".
Lobo Xavier não compreende que se fale em “gigante com pés de barro” ou ainda menos que se ponha em causa o modelo de sociedade americana, só porque o furacão pos a nu a sociedade dualista e injusta que é actual sociedade americana. Pacheco Pereira argumenta que toda agente já sabe que é assim, basta ter visto os filmes americanos que mostram à evidência essa sociedade de desigualdades.
O que ambos não percebem, e não aceitam, é que face a uma catástrofe anunciada com estas características, todos os cidadãos têm direito à protecção e à segurança, independentemente da sua situação sócio-económica. Para isso o Estado deve dispor de um conjunto de mecanismos de intervenção que permita aos de menores recursos obter a ajuda necessária para se poderem colocar a salvo. Para ambos, com particular ênfase para o democrata-cristão Lobo Xavier, a existência de pobres e de desfavorecidos é natural. Tão natural como o facto de perante catástrofes desta natureza serem eles as maiores ou as únicas vitimas.
O que fingem não perceber é que o Estado tem responsabilidades inalienáveis em matérias que são da sua exclusiva responsabilidade, como era o caso da manutenção dos diques que protegiam Nova Orleães. E que a sua demissão de gastar os recursos públicos com essas obras custou prejuízos incalculáveis ao país e um número de centenas ou milhares de vítimas. Esta é que é a questão decisiva: a existência de uma Administração que considera os menos favorecidos como dispensáveis e que não só não actua preventivamente no sentido de os proteger como face a uma catástrofe se revela incapaz de os socorrer atempadamente.
Quando falo do Estado falo dos diferentes níveis da Administração: local, estadual e central, embora Bush tenha, é um facto documentado ao longo das últimas semanas, indeferido a afectação de verbas para a reparação dos diques, pelo que as suas responsabilidades pessoais são maiores.
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