Santana Lopes saiu da Câmara sem realizar as inaugurações das "suas obras". Foi obrigado a regressar ao Parlamento sob pena de perder o mandato. Volta por cinquenta dias enquanto reorganiza a vida. O Parlamento nunca foi um lugar amado por Santana Lopes, mas dá jeito para reorganizar a vida. Este mandato de Santana Lopes enquanto Presidente da Câmara de Lisboa é a vários títulos paradigmático. Feito de saídas e de regressos e, finalmente, não concluído. Santana, hábil político, apareceu com um conjunto de promessas que lhe possibilitaram obter a vitória em 2001( claro que contou com a fatal sobranceria de João Soares). Recorde-se o combate aos prédios devolutos, a promessa de devolver 90 mil pessoas à cidade - que falta elas fazem, que bom que teria sido - o embargo de empreendimentos por excesso de área de construção, em violação do que os Planos determinavam, mas depois concluídos na mesma, a demolição de empreendimentos de habitação social objectivamente sinistros pela localização, guetos segregados da cidade. Tudo se esvaiu em quase nada. Passado pouco tempo embrenhou-se no projecto Gehry e no famigerado Túnel do Marquês e, no meio da tempestade gerada pela desistência de Durão Barroso, Sampaio promoveu-o a primeiro-ministro de Portugal. Terrível.


 

Pedra do Homem, 2007



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