A destruição infligida pelo furacão Katrina à cidade de Nova Orleães e, por essa via, à América e ao mundo causam uma enorme perplexidade. Não sendo possível evitar e controlar este tipo de catástrofe naturais o homem dispõe de competências para prevenir e minimizar o impacto e as consequências destas catástrofes. Parece ter sido isso que falhou na América de Bush. Incapaz de minimizar as consequências do furacão devido a décadas de ausência de investimento em infraestruturas públicas - o reforço dos diques ou uma rede de transportes públicos que tivesse permitido evacuar os muitos que não dispõem de automóvel entre outras - ou a políticas urbanísticas em que a Administração parece ter adoptado como única regra a famosa máxima "é proibido proibir." Culpa não apenas desta Administração mas igualmente das anteriores, embora o entendimento dos democratas e dos republicanos acerca desta questão faça toda a diferença. Bush reagiu tarde não tendo interrompido as suas sagradas férias. É o costume como se sabe. Mas daí não viria mal aos cidadãos afectados se os serviços públicos de protecção civil e de emergência tivessem capacidade para lidar com a situação criada. Quando se olha para Nova Orleães parcialmente submersa e para as dezenas de milhares de cidadãos abandonados, entregues a si próprios, o que vemos é o naufrágio de um modelo de civilização.


 

Pedra do Homem, 2007



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