Este domingo as autárquicas voltaram às páginas dos jornais. Muitos dos comentadores concordaram que esta foi a pior campanha de todas. Pela vacuidade das propostas, pelos gastos que ultrapassaram tudo o que anteriormente tinha acontecido, pela revelação da corrupção, posta a nu através dos candidatos arguidos, mas rapidamente ignorada, nos debates, como coisa menor, pela espiral de endividamento, pela "descoberta" - para alguns mais desatentos - que os órgãos de fiscalização são incompetentes, pelo reforço do caciquismo com mais de 2/3 das autarquias a permanecerem nas mãos de quem já as governava, pela descoberta - outra vez para os desatentos - de que quem o povo escolhe para a Assembleia Municipal pode até ficar em minoria nesse órgão - pelo cada vez mais descarado aproveitamento dos dinheiros municipais para a propaganda do partido que está no poder.
As eleições autárquicas foram a evidência daquilo que se passa no País. Vivemos numa democracia viciada, em que os que detêm o poder manipulam as regras, sem que existam mecanismos eficazes de controlo democrático do exercício do poder.
Estas eleições mostraram que em todo o lado, todos fazem o mesmo com os mesmos objectivos. O aumento da abstenção é uma das respostas dos cidadãos e o crescente sentimento de inutilidade do actual sistema é a pior consequência desta choldra.


 

Pedra do Homem, 2007



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