Miguel Frasquilho acaba de anunciar que o PSD irá votar contra o Orçamento Geral de Estado para 2006, por causa da OTA e do TGV. Menos de uma semana depois de Marques Mendes ter acusado Sócrates de "faltar à palavra", a propósito do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, o PSD critica o governo por cumprir uma sua promessa eleitoral, isto é por cumprir a palavra dada aos eleitores.
As posições políticas baseadas em conceitos que se apoiam na moral e na virtude dificilmente não se voltam contra quem as utiliza. Como se viu neste caso, muitas vezes bastam quatro ou cinco dias para o feitiço se virar contra o feiticeiro.
Quanto à resolução do problema da interrupção voluntária da gravidez sou favorável à despenalização e sempre entendi que o problema devia ser resolvido no âmbito da Assembleia da República. Mas o facto de se ter realizado o primeiro referendo impede, a meu ver, qualquer possibilidade de ultrapassar a situação existente, que não passe pela repetição do referendo. Só no caso de se verificar de novo uma participação inferior aos 50%, os partidos poderiam avançar com uma solução parlamentar.


 

Pedra do Homem, 2007



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