Não irei votar em Cavaco Silva mas agrada-me a ideia dos poderes presidenciais serem revistos e reforçados. Mesmo que Cavaco ganhe as eleições a ideia agrada-me na mesma. Já aqui escrevi que a actual situação com o Presidente reduzido a um papel passivo, quase de mera figura decorativa, não me agrada. Os discursos grandiloquentes de Sampaio são-no tanto como a irrelevância para o "decurso da acção" das suas palavras. Sampaio podia fazer agora de uma só vez, se fosse possível, todos os discursos sobre o Estado do Regime, sobre tudo aquilo importante que pretendeu contribuir para alterar ao longo de dez anos. É que está tudo na mesma, senão pior.
Concordo pois com Manuel Villaverde Cabral. Que sentido faz estar com a maçada de eleger um Presidente para tão pouco? Esta devia ser uma discussão central nestas eleições, sem subterfúgios. Mas na nossa democracia a opção é sempre por não se discutir nada, sobretudo em períodos eleitorais.
E quanto à eleição de Cavaco, caso aconteça, não é o fim do mundo, nem o princípio de um novo regime. Políticas de direita têm sido "o pão-nosso de cada dia" e muitas delas já as concretizou este Governo.


 

Pedra do Homem, 2007



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