Foi hoje o dia da realização da conferência "Lisboa 2017 um Aeroporto com Futuro", momento que o Governo aproveitou para apresentar os estudos que levaram à decisão para a construção do novo aeroporto de Lisboa na Ota.
Na blogosfera está tudo calmo acerca desta questão depois dum período de bastante agitação. Entretanto estão já disponíveis online alguns dos estudos realizados e que muito justamente foram reclamados na blogosfera. Desconheço se todos ou apenas uma parte.
Dificilmente terei a possibilidade de ler ou consultar todos os estudos, a menos que existam resumos não técnicos que possibilitem uma informação global sobre as diversas opções e sobre as razões que determinaram a opção OTA. Por razões geográficas e de desenvolvimento regional teria gostado que a solução fosse Rio Frio. Ao que parece essa solução seria tecnicamente a melhor mas o Governo te-la-á inviabilizado "pelos seus sérios, irreversíveis e não mitigáveis impactes naturais". Fico sempre de pé atrás com estas razões pelo que aguardo esclarecimentos mais detalhados.
Entendo que o Governo tem toda a legitimidade para decidir que faz falta um aeroporto Internacional que substitua o aeroporto de Lisboa, objectivo que foi sufragado nas eleições de 20 de Fevereiro já que esta promessa constava do programa eleitoral do PS.
Acho um choradinho sem nexo a lamúria centrada no despesismo de um país pobrezito que passa a vida a pedir sacrifícios aos seus cidadãos. Nunca sairemos do buraco onde caímos se perdermos a visão estratégica do nosso desenvolvimento e se não investirmos na correcção dos factores que aumentam o nosso carácter periférico no contexto europeu. Aproveitando para isso os fundos comunitários ainda disponíveis.
Mas parecem-me sérias as reservas levantadas com base nas características topográficas da zona, com os elevados custos associados à preparação dos terrenos e com as limitações à expansão futura do aeroporto. Tal como me parecem sérias as questões associadas à valorização da propriedade fundiária na área envolvente da OTA, que deveriam ser cabalmente esclarecidas. Isto nada tem a ver com as calúnias que alguém pôs a correr relativas a Mário Soares e que, tive a oportunidade de o perceber na passada semana, estão divulgadas de Norte a Sul do País. Tem a ver com aqueles que, normalmente, com este tipo e obras públicas de grande dimensão - lembram-se da Ponte Vasco da Gama - ganham em todos os tabuleiros. Financiam a obra, mas com o risco garantido pelo Estado, o que é notável, e ganham depois na segunda fase com as mais-valias associadas à mudança de uso dos terrenos rústicos para urbanizáveis.
Existem outras reservas mas sobre isso iremos falando.


 

Pedra do Homem, 2007



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