Sempre tive admiração por aquelas pessoas que, por opção, mais tarde na vida, já reformados, continuam a trabalhar na profissão que sempre tiveram. Não sabem fazer outra coisa e querem, sobretudo, sentir-se integrados na sociedade. Querem sentir-se úteis, numa sociedade que não acolhe nem integra os idosos como poderia e deveria.
Vi e conheço jornalistas, fotógrafos, agricultores a quem a saúde, felizmente, lhes deu a possibilidade de continuar a trabalhar. Mesmo que não o façam, é certo, com a mesma destreza física e intelectual, querem continuar ligados à vida, ao que foi a sua vida. Não querem desistir. É claro que podem tirar umas férias, fazer uma pausa, porque felizmente, melhor ou pior recebem uma reforma.
Vi também homens cansados que trabalham não por opção, mas necessidade, na construção civil e noutros trabalhos pesados. Talvez também eles quisessem descansar, ter uma horta para se "entreterem" e tirar umas férias que foi coisa que raramente fizeram.
Há um desiquilíbrio em tudo isto. Mais tarde na vida só se deveria trabalhar por opção, nunca por necessidade. Devemos, creio eu, acreditar e lutar para que este segundo cenário mude rapidamente. Mas não é, concerteza, com o egoísmo e a falta de responsablidade cívica que alguns demonstram que o iremos mudar.


 

Pedra do Homem, 2007



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