Pareceu-me claro que Louçã esteve melhor no debate. Louçã foi claro sobre a Europa que quer e na crítica ao liberalismo selvagem que domina e não esqueceu a contribuição do regime chinês com a sua desenfreada exploração dos trabalhadores.
Jerónimo tentou sempre salientar a importância do capital de experiência do PCP, que a sua candidatura representa, mas divergiu de Louçã em situações concretas como a posição face à Europa, face à interrupção voluntária da gravidez e, no momento mais atrapalhado para si, face ao regime totalitário chinês cujo partido comunista o PCP apoia.
Pareceu-me que em três momentos Louçã marcou pontos. Quando definiu uma esquerda moderna, recusando regimes de partido único, de unicidade sindical, de falta de liberdade democrática, de falta de liberdade em sentido lacto; quando assumiu o federalismo europeu mas de uma europa livre do pacto de estabilidade e convergência, para ele instrumento das políticas neo-liberais, e defendeu a adesão ao euro como inevitável embora tenha considerado que foi mal negociada; quando se defendeu dos ataques de Jerónimo em relação à posição do BE relativamente à IVG, recordando as variações de posição do PCP quanto aos aspectos formais já que na substância Louçã não duvida da posição do partido de Jerónimo .
Jerónimo é um líder muito combativo, além de simpático para o eleitorado, mas a tarefa era muito dificil. Saiu-se bem, com uma contenção clara das perdas. O discurso de Louçã é de uma grande eficácia juto dos sectores mais urbanos do eleitorado e a progressão junto da base eleitoral do PCP é muito mais lenta do que junto dos descontentes com o PS. Jerónimo tem sobretudo conseguido inverter o ciclo de perda de influência o que já não é pouco.
Na declaração final de Louçã um apelo ao eleitorado mais descontente do PCP com a homenagem aos comunistas através da evocação da memória dos renovadores Lino de Carvalho e João Amaral, este um dos renovadores que mais combateram as ideias que Jerónimo corporiza.
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