As picardias entre Soares e Alegre são do pior que a campanha tem tido. São uma bênção para Cavaco e para as fortes possibilidades de poder ganhar as eleições à primeira volta. Reforçam igualmente a possibilidade de vencer à segunda, pois estas picardias geram animosidades entre os apoiantes de Alegre e de Soares e vão, forçosamente, determinar abstenções à esquerda numa eventual segunda volta.
Mais uma vez o fim de semana ficou tristemente marcado pelas picardias entre os ex-amigos. Soares tem maiores responsabilidades pois tomou a iniciativa de defender a demissão de Alegre do PS. Injustificável. Contrário a tudo aquilo que tem dito ao longo dos últimos anos. Estas atitudes devem significar que Soares tem informações preocupantes, para si, sobre a implantação da candidatura de Alegre e da sua aceitação junto do eleitorado socialista. Mas mesmo eventuais más notícias não justificam a opção de Soares. Parece que o velho dirigente perdeu qualidades.
A propósito de Alegre e de uma eventual passagem do poeta à segunda volta é interessante a análise feita por José Gil na última edição do Courrier Internacional. Escreve o filósofo: "Se Manuel Alegre chegar à segunda volta, as peças distribuídas pelo tabuleiro do xadrês político sofrerão uma tal reviravolta, que o real poderá surgir e entrar numa linha de fuga. Ninguém pode prever o que acontecerá então, nem o próprio candidato. Será um momento de "Kairós", momento único de oportunidade irrepetível. Que poderá ser agarrado ou não, desperdiçado ou não. Dependerá do nosso faro e da nossa força."


 

Pedra do Homem, 2007



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