Cavaco conquistou uma enorme vitória à primeira volta. É o novo Presidente da República. Fez no CCB um discurso de vitória equilibrado que colocou as coisas no seu devido lugar. A maioria Presidencial extingue-se. Cavaco Silva é o presidente de todos os portugueses.
Cavaco recolheu votos da esquerda e da direita. Nesse sentido pode dizer-se que é o primeiro presidente oriundo da área da direita. Não se trata de uma vitória da direita. Trata-se sobretudo de uma vitória de Cavaco que foi apoiado pela maioria da direita e por uma parte significativa da esquerda, incluindo eleitores comunistas.
A divisão da esquerda e a proliferação de candidaturas nessa área foram fatais para essa mesma esquerda que não foi capaz de perceber que a população está farta de eleições e que pretendia resolver tudo à primeira volta. Ao longo de meses defendi aqui esse perigo associado à proliferação de candidaturas à esquerda. O somatório das candidaturas diminuiu a esquerda não acrescentou votos à esquerda.
O apoio do Governo, ou a colagem ao Governo, foi fatal para Soares. O resultado de 14% é um dos piores resultados eleitorais de sempre e certamente o pior resultado de um candidato apoiado pelo partido no poder na altura da eleição presidencial. Recorde-se que o PS obteve maioria absoluta em Fevereiro do ano passado.
Louçã teve um mau resultado. Jerónimo teve um bom resultado. Mas ambos perderam por não conseguirem contribuir para a derrota de Cavaco. Ambos se assemelham no apontar o dedo das responsabilidades ao PS e à existência de duas candidaturas oriundas do partido. Uma opção clássica nestes casos.
Sócrates livra-se por uma unha negra de uma segunda volta muito embaraçosa para o Governo já que seria Alegre, o candidato socialista não oficial, a representar a esquerda. Vai ter uma boa relação com Cavaco e uma grande coincidência de pontos de vista sobre questões políticas essenciais.


 

Pedra do Homem, 2007



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