Luís Delgado anuncia hoje no DN o fim das Linhas Direitas, isto é o fim da sua colaboração com o jornal no formato e com a periodicidade actuais. Proponho um movimento de apoio à manutenção das Linhas Direitas. Por mais tortas, vagas, vazias, contraditórias, incompreensíveis, sectárias, militantes que elas nos tenham parecido ao longo dos tempos é um facto que se tornaram um referencial de leitura obrigatória. Um pouco como o óleo de figado de bacalhau, que depois de nos enfiarem duas colheres pelas goelas a baixo nos ajudava a compreeender como o mundo à nossa volta não era afinal assim tão mau, as Linhas Direitas ajudava-nos a relativizar os muitos disparates que se iam escrevendo e dizendo do lado direito das coisas. Acaba assim ingloriamente, por força de uma remodelação que desejamos virtuosa, esta fonte inspiradora, para não dizer esta musa o que não vai nada bem com o ar hirto do Luís. Estaremos perante uma vingança do António José Teixeira, que se paga assim do esforço insane a que, durante meses a fio, foi submetido para conseguir manter o ar sério face às intervenções do seu colega comentador residente, na SIC Notícias?
Duas notas finais: em primeiro lugar este estilo que nos seduzia levou nove anos a apurar permanecendo a eterna dúvida de sabermos a que nível de apuramento se poderia chegar algumas dezenas de anos depois; em segundo lugar LD volta às segundas-feiras num formato maior, o que permitirá atenuar a sensação de perda com que ficamos e não deixará de nos inspirar.


 

Pedra do Homem, 2007



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