Cavaco Silva ganharia à primeira volta se as eleições se tivessem realizado a três ou quatro de Janeiro. Depois dos debates e destas intensas semanas de campanha Cavaco reforça a sua posição e Alegre e Soares trocam, outra vez, de lugar. Soares nada ganha com a excessiva e incompreensível colagem ao Governo. Soares nada ganhou com os ataques àsperos a Cavaco. Soares nada ganhou com a rábula da comunicaçao social, ainda que nós saibamos que o tiro não é completamente infundamentado.
Jerónimo pesaroso, apesar do crescimento relativo da sua candidatura que quase duplica os votos de Louçã, admite que há que fazer um esforço redobrado. O resultado de quase 7% a confirmar-se será mais uma vitória para Jerónimo. Louçã insiste no esclarecimento de quase um milhão de portugueses e manifesta uma confiança inabalável na perda de votos de Cavaco. Arrisca-se a ficar a léguas de Jerónimo e a ver Cavaco eleito à primeira volta com o pleno dos votos da esquerda a não totalizar 40 % dos votos dos portugueses. Mistérios que estas eleições encerram. Os portugueses dão maiorias absolutas a quem prometer resolver os seus problemas, todos os seus problemas. Vai ser assim com Cavaco. Foi assim com Sócrates. Soares com o seu discurso realista, e ele sim rigoroso sobre os limites do cargo presidencial, não soube nem podia por formação e convicção, captar os ares do tempo. Por aí se construirá a sua derrota.
Mas, como escreveu Alegre há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não. Até dia 22 de Janeiro temos que acreditar no bom senso dos portugueses.


 

Pedra do Homem, 2007



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