O artigo de Mário Mesquita,ontem no Público, prima, como sempre, pela clareza e pela clarividência. Mário Mesquita, ex-membro da comissão política da candidatura de Mário Soares, defende que a coabitação Sócates-Cavaco Silva começou na própria campanha. " O PS e os ministros do Governo Sócrates cumpriram os seus compromissos com Mário Soares. Os ministros mais destacados do Governo, a começar pelo primeiro-ministro, José Sócrates, cumpriram os seus compromissos com Mário Soares, no plano formal e de organização da campanha, (...) Se não seria razoável esperar que o Governo desencadeasse uma política eleitoralista, com vista a favorecer o seu candidato, tão pouco seriam de prever certos actos de gvernação visívelmente contraditórios com as intenções declaradas, em especial o aumento dos combustíveis na última semana de campanha e as declarações ministeriais sobre a possível falência da segurança social. Só não percebia quem fosse muito ingénuo: a coabitação Sócrates-Cavaco começou na campanha eleitoral. Aguarda-se, apenas, o ínicio da coabitação Cavaco-Sócrates."
Mesquita aponta igualmente as contradições em que se deixou cair Mário Soares, já aqui referidas nos dias a seguir à derrota de Soares e mesmo antes do acto eleitoral: "(...) o pior de todos os obstáculos residiu na impossibilidade de conciliar o discurso e as temáticas desenvolvidas por Mário Soares, sobretudo após a sua saída de Belém, com as políticas e as medidas restritivas do Governo de José Sócrates. Não sendo possível resolver a quadratura do círculo, o discurso do candidato foi abdicando gradualmente de temas que lhe eram característicos, para justificar certas medidas do Governo e se circunscrever às competências do Presidente, temática relevante para o futuro, mas pouco compensadora em termos imediatos eleitorais."
Nem mais!!"


 

Pedra do Homem, 2007



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