... Peniche, vão fazer uma Central que para alguns é nuclear, mas para muitos é mortal.Os peixes hão-de vir à mão, um doente, outro sem vida, não tem vida o pescador.Morre o sável e o salmão, "Isto é civilização", assim falou um senhor.. Tem cuidado, Rosalinda, se tu fores à praia, se tu fores ver o mar,cuidado não te descaia o teu pé de catraia em óleo sujo à beira-mar, cuidado não te descaia o teu pé de catraia em óleo sujo à beira-mar". Fausto cantava assim a sua Rosalinda - Madrugda dos Trapeiros, 1978 - que eternizava a luta contra o nuclear de 1976.
Participei nesse conjunto de manifestações contra a construção de uma central nuclear na freguesia de Ferrel. Passados trinta anos parte das pessoas de então e muita outra gente preocupada com o reaparecimento da opção nuclear juntaram-se de novo em Ferrel. Nessa altura a população de Ferrel uniu-se contra a ameaça que pairava sobre as suas cabeças. As perspectivas de desenvolvimento, de emprego para todos que então alguns esgrimiam não os demoveram. Um exemplo ainda hoje muito actual e infelizmente pouco seguido por alguns trapaceiros com responsabilidades políticas. Não estive lá desta vez mas continuo solidário com a opção "Nuclear não obrigado!" Hoje como ontem a opção pelo nuclear é uma aberração sem sentido. Uma aberração do ponto de vista económico mas igualmente e sobretudo do ponto de vista da segurança das gerações actuais e futuras. A palavra de ordem deveria, no actual estado do conhecimento científico, ser a um nível global: fim ao nuclear.
Curiosamente, ou talvez não, no fim de semana da efeméride o Expresso trazia como manchete a expressão "nuclear sim obrigado." É que como alertou o professor Delgado Domingos está em marcha "uma contra-ofensiva" dos defensores do nuclear.


 

Pedra do Homem, 2007



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