Foi esta coisa terrível que Jorge Sampaio quis evitar com a nomeação de Santana Lopes. Tentando perceber a lógica, rebuscada e complexa, do ex-presidente chega-se ao seguinte: se Sampaio convocasse eleições, no seguimento da fuga de Durão, a sua acção passaria a estar condicionada pelas iniciativas dos primeiros-ministros. Assim sendo optou por fazer... aquilo que Durão lhe pedira: nomear Santana Lopes. Bom, pelo meio pediu ao PSD que lhe indicasse nomes, mas o PSD fez, previsivelmente, aquilo que Durão queria. Foi ou não, segundo Sampaio, uma situação de claro "presidencialismo de primeiro -ministro"?
Mas do meu ponto de vista o pior da atitude de Sampaio foi que ele criou todas(!!!) as condições para a liquidação de Ferro Rodrigues por aqueles que, após a fuga de Guterres, deram um, cauteloso, passo atrás. Foi este tipo de atitude calculista que Sampaio remunerou, penalizando um líder corajoso, com uma opinião pública favorável, capaz de dar ao PS uma orientação política mais à esquerda, mais de acordo com as necessidades do País. Uma orientação mais sampaísta afinal.


 

Pedra do Homem, 2007



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