O último filme de Spike Lee, O Infiltrado, tem tudo para talvez se vir a tornar no seu melhor filme. Com Clive Owen, Denzel Washington e Jodie Foster nos principais papéis, o argumento de Russell Gewirtz leva esta película mais longe do que a de uma simples história do assalto perfeito a um banco em plena Nova Iorque.
A construção do plano é brilhante, mas a acção surpreende pela particularidade do uso da máscara, o que cria, ao longo do filme, uma singular conjuntura de ambiguidade. Em pleno assalto, assumidamente, não sabemos quem é quem, nem no interior da dependência bancária, nem no mundo exterior, onde a máscara assume outros contornos. No jogo do poder, existe sempre um acessório para a máscara, para o acto de omitir, de resto um dos mais instintivos no ser humano. O acessório para a máscara pode ser o próprio poder. E neste caso o poder maior, mais do que o do valor do dinheiro, é o da inteligência e o do domínio sobre o que o outro esconde. Não será sempre assim na vida real?


 

Pedra do Homem, 2007



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