O FMI veio na passada semana sugerir a retoma em Portugal só no final de 2007. Depois disso até o Ministro das Finanças se enganou na idade da sua mãe.
No entanto o World Economic Outlook do FMI traz outra informação relevante e que, com excepção do Público, ninguém referiu. É que o FMI identifica quatro "modelos sociais europeus" e procede á sua avaliação. São eles o "Nórdico" o "anglo-saxónico" o "continental" e o "mediterrânico". O resultado da avaliação mostra que o "mediterrânico" é o que dá piores resultados em todos os indicadores. É no conjunto dos países - Itália, Espanha, Grécia e Portugal - que o integram, que as desigualdades sociais e a pobreza são mais altas; as horas trabalhadas mais elevadas; e os índices de produtividade mais baixos.
É por isso que quando alguma da nossa direita clama pela flexibilização do emprego, apontando o exemplo da Dinamarca, ela se esquece sempre de clamar pela protecção social aos desempregados existente na Dinamarca.
A nossa direita não conseguiu perceber uma evidência que até ao FMI salta aos olhos: não há um só modelo social europeu. Há vários. Aquilo que se passa em países como Portugal é um arremedo grosseiro de algo parecido com um Estado Social. Somos - é sempre necessário repetir isto - o país mais desigual da União Europeia. Uma questão de opções políticas e não uma fatalidade, como muitos nos querem impingir.


 

Pedra do Homem, 2007



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