Quem tem seguido com alguma distância as referências feitas à eventual construção de uma nova refinaria em Sines pensará que ao nível local existe unanimidade na aprovação do projecto. Esse entendimento resulta sobretudo das declarações, de indisfarçável apoio ao projecto, do autarca comunista Manuel Coelho. Para reforçar o seu posicionamento avançou mais alguns capítulos da sua famosa tese sobre a "Excelência ambiental do concelho já daqui a ... seis meses". Resulta igualmente da ausência de qualquer posicionamento da oposição, se não considerarmos o silêncio e a omissão um claro posicionamento. Mas a situação não é bem esta.
De facto, como ficou bem claro na sessão da AM realizada na passada sexta-feira, dentro da CDU existe um sector que se opõe ao projecto e que discorda frontalmente da actuação do Presidente da autarquia. O que assume particular significado político é que o Presidente da AM lidera, claramente, o sector dos que se opõem e assumiu a responsabilidade de levar a questão à população. Desde logo essa situação obrigou o presidente da Câmara a moderar o seu apoio ao projecto e aos 2,5 milhões de contos de Taxas Municipais de Urbanização que espera receber.
Ficará nesse exacto momento, o da discussão pública da questão, nas mãos da população o tipo de atitude a tomar. Caso a resposta seja a indiferença e o conformismo não adiantará que alguns assumam o desafio de contestar projectos como os que ameaçam o futuro do concelho.
Uma certeza alguns de nós temos: bastarão dez anos para que se cumpra o desiderato salazarista de acabar com Sines como um lugar habitável, um concelho onde se possa viver.
Sócrates, Pinho e os coveiros locais ficarão com o seu nome associado a essa realização.


 

Pedra do Homem, 2007



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