O facto de a nova refinaria não ser construída pode e deve ser aproveitado como uma oportunidade para Sines. Uma oportunidade para, através de um conjunto de intervenções políticas, qualificar o desenvolvimento do concelho e reforçar o seu papel no desenvolvimento económico do país. A condição sine qua nom para possibilitar esse reforço é a ultrapassagem de forma inequívoca do constrangimento ambiental. Explicando: o parque industrial existente, com destaque para a Petrogal e para a Central Térmica, mas não só, é fortemente poluente, muito para lá do que a capacidade técnica disponível permitiria. A poluição ambiental já existente impede a fixação de empresas e a criação de novos postos de trabalho. Sobretudo empresas das áreas ligadas ao conhecimento e à prestação de serviços avançados. Por outro lado a degradação da qualidade ambiental estimula o abandono do concelho por parte daqueles que pela sua qualificação possuem mobilidade e não querem suportar o ónus ambiental.Importa, pois, colocar as empresas a produzirem no limite do melhor desempenho ambiental possibilitado pelos conhecimentos técnicos. Os lucros faraónicos obtidos nos últimos anos possibilitam os investimentos necessários sem comprometer o desempenho empresarial.
Por outro lado os cerca de 800 milhões de euros que o Governo ia canalizar para a nova refinaria podem ser canalizados quer para ajudar a esse esforço de qualificação ambiental das empresas, quer para apoiar iniciativas credíveis de criação de emprego qualificado através, por exemplo, do estímulo à fixação de uma rede de PME´s. As empresas da plataforma industrial de Sines, são de capital intensivo e criam um número muito pequeno de postos de trabalho por unidade de capital investido.
Os terrenos da PGS, cujo preço de aluguer é absolutamente irrealista, funcionam como um travão ao investimento e à fixação de novas empresas. Importa que o Governo altere esta situação de todo em todo inadmissível.
O concelho de Sines, com a sua área portuária industrial, tem que criar uma marca que associe qualidade de vida e desenvolvimento económico. Uma marca que associe e compatibilize investimento industrial com qualidade ambiental e qualidade de vida. Para isso tem, além do que já se referiu, que implementar um sistema de monitorização do ambiente integrado com um sistema de monitorização da saúde das populações.
Fácil e barato. Capaz de atrair empresas, gerar postos de trabalho e respeitar o direito constitucional dos cidadãos a viverem num ambiente equilibrado e à saúde.

Adenda: parte-se do príncipio que a nova refinaria não vem para Sines. Isto com base nas divisões, anunciadas hoje, no núcleo de investidores original e no que se sabe sobre as últimas exigências desses mesmos investidores. No entanto não é claro, para mim, que o assunto esteja encerrado.
Quanto às propostas aqui apresentadas podem ser utilizadas por quem quiser, mesmo como sendo originais. Nesta questão não pretendo reclamar direitos de autoria.


 

Pedra do Homem, 2007



View My Stats