Quando se critica a acção política acerca de algumas matérias e a forma radical com que alguns políticos fazem a política, é-se muitas vezes acusado de não respeitar a responsabilidade, o trabalho e os anos que essas pessoas dedicaram à comunidade. Pois, de facto, não é assim. A comunidade e mesmo os mais críticos sabem disso e reconhecem-no. Sabem também reconhecer o bom trabalho e a dedicação a uma causa, a um país e a uma terra quando é realizado. E acontece, por vezes, que o reconhecimento vem somente à posteriori, pois existem mudanças positivas que florescem apenas no passar de o tempo.
Se os políticos escolheram esse modo de vida, diria nobre, o de representarem uma comunidade ou um país, sabem que numa sociedade democrática, em princípio, muito lhes será ou deveria ser exigido. O seu trabalho e a sua prestação serão constantemente avaliadas. Quanto mais madura, exigente e consciente é uma comunidade, mais motivador será exercer a acção política. Porque o "trabalho" de cuidar e de fazer progredir uma sociedade deveria ser sempre um trabalho conjunto = cidadãos/estado. A Política na sua essência tem um objectivo global: o de procurar formas capazes de assegurar a felicidade colectiva da pólis ( no pensamento de Aristóteles).
No país onde vivemos, em que os poderes ultrapassam em muito a acção política, é imperioso( em especial nos Municípios) que os cidadãos e os representantes dos diferentes partidos políticos, trabalhem conjuntamente por uma causa, uma solução. E que se fomente cada vez mais a participação da diversidade de ideias e, sobretudo que se incentive essa liberdade e esse sentido democrático aos mais jovens.
Por isso, perante a fraqueza, a ausência de ideias e a prepotência de alguns políticos fica-se apreensivo com o futuro. Sente-se que apesar de pensarem que estão ali para prestar o melhor que sabem à comunidade, e acredito que o pensem e que por vezes o façam, na forma como encaram a política e o poder, acabam por não admitir quaisquer confrontos ou críticas dentro e fora dos circulos partidários.
A comunidade tem então obrigação de alertar e, claro, os políticos têm obrigação de a ouvir e reflectir. Que mistério há em tudo isto? Se é só pelo bem das pessoas, para quê tanta verborreia, tanta luta se em democracia o poder, ele próprio, é na maioria das vezes tão irreal?


 

Pedra do Homem, 2007



View My Stats