O desempenho dos deputados na discussão da proposta de demolição do Mercado não terá sido brilhante. A oposição, no entanto, partindo de uma posição de rejeição da proposta teve um melhor desempenho do que os deputados da maioria cujo nível de argumentação foi muito pobre.
Valeu, como já disse, as intervenções de Francisco Pacheco e de um ou outro deputado.
O que não faz qualquer sentido é comparar esta proposta com a situação do antigo Cine-Teatro Vasco da Gama que deu lugar ao Centro de Artes. Aqui trata-se de substituir um equipamento público, com uma vida útil espectável superior a vinte anos, desde que cuidadosamente mantido e renovado, por um equipamento privado cuja forma, área, etc, não são sequer conhecidos. No outro caso tratou-se de sustituir(*) um velho e decrépito edificio de um cinema municipal por um outro equipamento público, o actual Centro de Artes. A relevância arquitectónica e urbanística do actual Mercado é qualquer coisa de incomparável com o caduco, decrépito e arquitectónicamente irrelevante Cine Teatro Vasco da Gama.

PS - a (des)adequação do novo, e premiado, edifício às diferentes "funções que lhe foram confiadas" é outra questão e merec(ia)e certamente uma boa discussão. Bem como a relação qualidade-preço. A arquitectura e o urbanismo como artes públicas não são fatalidades, são, ou devem ser, escolhas democráticas. Mas não se recuperem os fantasmas felizmente enterrados.


 

Pedra do Homem, 2007



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