Uma das principais razões, senão a principal, para que a Globalização se tenha constituído na grande desilusão em que tornou, foi a adopção de um conjunto de regras impostas pelas três principais instituições que comandam a globalização: O FMI, o Banco Mundial e a Organização Mundial de Comércio. O "Consenso de Washington", segundo o Nobel da Economia de 2001, Joseph Stiglitz, ex-vice-presidente do Banco Mundial e ex-acessor económico do Presidente Bill Clinton, resultou da transformação do FMI que trocou as suas orientações keynesianas, que realçava as insuficiências dos mercados e o papel do Estado na criação de emprego, por uma postura de hino ao mercado livre. O Consenso foi celebrado entre o FMI, o Banco Mundial e o Tesouro dos Estados Unidos "acerca das políticas "certas" para os países em desenvolvimento - que assinalou uma abordagem radicalmente diferente do desenvolvimento e da estabilização económica".
O Pacto de Estabilidade e Convergência, não sendo a mesma coisa, é fruto desta ortodoxia que promove a adopção de políticas restritivas com o objectivo de reduzir o défice, recorrendo ao aumento dos impostos ou das taxas de juro para provocar a contracção da economia.
Ainda segundo Stiglitz "Para muita gente, o resultado foi a pobreza e, para muitos países, o caos político e social.(...) Os programas de ajustamento estrutural não trouxeram o crescimento sustentado(...) em muitos países, o excesso de austeridade sufocou o crescimento" ou ainda " O resultado liquído das políticas definidas pelo Consenso de Washington beneficiou frequentemente poucos à custa de muitos, os ricos à custa dos pobres. Em muitos casos, os interesses e os valores comerciais sobrepuseram-se às preocupações ambientais, à democracia, aos direitos humanos e à justiça social."
Agora aparece uma variante ao Consenso, defendida pelo Brasil, conhecido como "Consenso de Brasília", que pretende introduzir uma função redistributiva baseada em investimentos em programas sociais. O desenvolvimento ficaria assim assegurado não só pela existência de finanças públicas sólidas mas também com os tais investimentos sociais.
Mas, sejamos claros, este modelo é proposto pelo Brasil e não foi adoptado internacionalemte. O dominante internacionalmente é o do Consenso de Washington. Aquilo que se passa na generalidade dos países europeus e em Portugal bebe apenas, e só, nas lógicas do "Consenso de Washington".


 

Pedra do Homem, 2007



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