"O Mercado de Sines é o melhor enquadramento arquitectónico e paisagístico da cidade:

1º - Pelos seus espaços amplos e livres envolventes.
2º - Pela liberdade dada aos céus, a permitir à luz tudo em volta abraçar.
3º - Pela permissão dada ao voo das aves que nos terrenos adjacentes buscam alimento e fazem o encanto muito em especial das crianças.
4º - Pelo sossego e paz reinantes nas horas e dias de encerramento.
5º - Por permitir aos frequentadores circularem sem atropelos e encontrões, libertos de cheiros, fumos e de ares condicionados, apanágios das gandes superfícies.
6º - Por dar aos vendedores espaços e condições de segurança e higiene.

Evocar que o Edífício está ultrapassado para o Abater, deixa-nos a pensar:

1º - Um edíficio com 26 anos está ainda novo e só ricos, ou motivos de força maior, o abatem
2º - Se há algo a modernizar, deverá ser feito no contexto do seu traçado, construção e acividades que satisfaçam a população
3º - Substituir o edíficio actual por um mega projecto de vários andares destrói a paisagem ambiental do centro da cidade, e minimiza-lhe as condições de vida.
4º - A instalação no local duma estrutura tipo Modelo ou Continente é o acumular de trânsito, ruído e população no centro da cidade, frente às melhores a maiores áreas de saúde e higiene mental, as Escolas e o Ginásio.
5º - Qualquer cidade que tivesse um Mercado com os espaços e luz que o actual mercado tem fazia deles um tesouro a conservar para bem estar dos utentes
6º - Que se pretenda resolver problemas financeiros da Camâra em detrimento das condições de vida dos habitantes da cidade, é condenar as gerações futuras.

Faço votos para não assistir ao enriquecimento de qualquer "grande investidor" - como agora se diz - à custa do "empobrecimento" das nossas (ainda boas) condições de vida.
E quanto ao impacto no comércio actual, já de si em elevada crise, deixo aos próprios, melhores conhecedores, expressarem as consequências de tal decisão.
Um grande abraço e perdão pelo desabafo
"

Joaquim F. Silva, residente em Sines


 

Pedra do Homem, 2007



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