Mercado Municipal: Reunião da Assembleia Municipal(actualizado)
Posted by JCG at 11/28/2006 11:54:00 da tardeA reunião da Assenbleia Municipal de Sines que deveria discutir, esta noite, a proposta da Câmara de demolir o actual Mercado Municipal sofreu uma súbita e inesperada alteração de última hora. A Câmara informou o Presidente da Assembleia no ínicio da sessão de que retirava a questão da Ordem de Trabalhos.
Esta situação provocou descontentamento entre os presentes, sobretudo pessoas que ali estavam para demonstrar a sua oposição ao projecto do Presidente da Câmara e surpreendeu o próprio presidente da Assembleia.
Os pequenos comerciantes da zona envolvente do Mercado tinham para apresentar um abaixo assinado contra a demolição com mais de duas centenas de assinaturas e um grupo de cidadãos - 180 até à hora de ínicio da Assembleia - subscreveu uma petição a ser lida na Assembleia em que se apelava aos deputados para não aprovarem a proposta da Câmara.
Este assunto tornou-se nos últimos dias a questão central discutida na Cidade. Manifestamente o Presidente da Autarquia não contava com uma tão unânime oposição, com excepção dos fiéis de sempre e dos dependentes da autarquia. (A propósito desta questão dos dependentes é chocante -aqui e em qualquer lugar - ver deputados municipais que são funcionários autárquicos e cujo agradecimento ao presidente se manifesta na sistemática fidelidade.Não se pode mudar a lei que permite esta compra dos deputados municipais?)
Na CDU os últimos dias foram pesados. Francisco Pacheco manteve a sua oposição ao projecto e o seu discurso do dia do município deu testemunho de uma posição irredutível. Sucederam-se as reuniões para reduzir os estragos provocados pela posição do Presidente da A.M. mas a unanimidade estava quebrada, existindo pelo menos um deputado da CDU alinhado com o Presidente. Este facto, aliado a uma unidade de toda a oposição - apesar das pressões directas do Presidente da Autarquia sobre o presidente da Junta de Porto-Côvo eleito pelo PS que terá titubeado numa determinada fase - estarão na origem desta súbita alteração da agenda. A CDU ia perder a votação na Assembleia Municipal e provocar uma crise interna com a fractura a incluir Francisco Pacheco. Uma ironia deste caso é que Francisco Pacheco foi, em parte, um dos maiores responsáveis pela eleição de Manuel Coelho.
Outra explicação, que não me convence, é a de que Manuel Coelho decidiu pura e simplesmente abdicar desta proposta depois de tomar consciência de que, com esta insensata opção, abriu uma tampa que não consegue voltar a tapar. O descontentamento na Cidade centra-se na sua atitude e manifesta-se contra ela. Os estragos são visíveis.
Julgo que o futuro próximo irá provocar alterações na CDU local com a provável saída de Francisco Pacheco da liderança da Assembleia Municipal( e do partido?) e com a reconstrução da unidade perdida no grupo parlamentar para depois permitir voltar à carga. Entretanto haverá tempo para dividir as oposições começando com os comerciantes do Mercado.
Mas, aconteça o que acontecer, a convicção que cresce é a de que Manuel Coelho quando, proximamente, deixar de ser Presidente da Câmara de Sines não poderá ostentar na sua lapela a demolição do Mercado. O Mercado de Sines irá sobreviver-lhe e uma certa ideia de Sines que manifestamente o horroriza. O Mercado de Sines não é uma treta. É nosso. É o nosso Mercado Municipal.
PS - sem a tão evidente mobilização de alguns sectores da população contra esta medida as coisas teriam corrido doutra forma. Este processo vem mais uma vez confirmar, se necessário fosse, que não é possível anestesiar completamente uma população, controlando-a ao pormenor. Há sempre um momento em que as pessoas resolvem pensar pelas suas próprias cabeças. O drama dos ditadores é que não são capazes de prever com rigor esse momento.