A Câmara de Sines reune na próxima terça-feira, em reunião extraordinária, para decidir sobre a intenção da maioria CDU de demolir o Mercado e de permitir a construção nesse espaço de uma média ou grande superfície. A reunião decorrerá à porta fechada.
No entanto a decisão da Câmara - cuja maioria absoluta CDU será certamente unânime - não é definitiva já que a aprovação desta intenção depende de uma prévia aprovação da Assembleia Municipal. Esta como se sabe reune sempre de portas abertas. Os cidadãos podem no entanto, mesmo se a AM aprovar a medida, interceder junto dos tribunais para que a medida não se concretize, invocando o interesse público.
O Presidente da Autarquia prossegue a sua campanha de "divulgação" da boa nova e trata de arregimentar apoios. A nova superfície disporá de espaços para algumas colectividades existentes no Concelho, diz ele. Dividir para reinar é uma velha estratégia.
Algumas pessoas já interiorizaram o discurso da falência deste tipo de unidades como discurso legitimador da intervenção. E falam mesmo em operações de requalificação da zona. Requalificar passa pelos vistos por :
trazer mais carros para o centro da Cidade, congestionando até ao absurdo a Avenida Humberto Delgado;
dar uma última facada no comércio tradicional num concelho que tem a maior área de pequenas e médias superfícies por habitante de todo o país. Um Intermarché, um Lidl, vários Litorais da cadeia Grula, um Plus. Isto tudo para menos de 15 000 habitantes;
Destruir um edificio cuja integração urbanística e valor arquitectónico são relevantes como referia Joaquim F.Silva neste blogue;
desprezar os direitos dos comerciantes que asseguram no Mercado os seus postos de trabalho e dos seus colaboradores e que se relacionam com os peuqenos produtores locais e regionais.
A Autarquia caso pretendesse requalificar a zona deveria tratar a zona envolvente do Mercado, em termos de limpeza e higiene pública, fazer as obras de manutenção e de requalificação que prometeu na última campanha eleitoral e estimular o associativismo dos comerciantes e com eles promover o Mercado junto dos consumidores fomentando a sua divulgação e a melhoria do serviço prestado.
Mas nada disto interessa quando o problema é a falência económica a que esta gestão conduziu a autarquia. Desesperados querem vender tudo de forma a receberem dinheiro o mais depressa possível. A Autarquia de Sines tem a possibilidade de obter um conjunto relevante de receitas estimulando em simuiltâneo o crescimento económico do concelho. O vício do especulador imobiliário ou melhor do herdeiro rico que vende o património que herdou e não consegue libertar-se das dívidas geradas por um estilo de vida inadequado, cegam a actual gestão municipal. Tendo vendido dez milhões de euros de terrenos recebidos do antigo Gabinete - expropriado aos sineenses pelo regime fascista, recorde-se - só no último mandato, a autarquia passa agora para a venda e demolição do património edificado com o único critério de que haja pelo menos um comprador interessado.
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