Atribuir o mau comportamento térmico dos edificios a uma fiscalização dos materiais que supostamente o garantiriam é no mínimo bizarro. Que materiais serão esses? Para se responder a esta pegunta importaria começar por saber de que tipo de construção estamos a falar. A qualidade da construção é má porque é má a qualidade dos projectos e porque, sobretudo nas obras públicas, a fiscalização passou a ser uma actividade irrelevante e dispensável. O que vale por dizer que não há materiais suficientemente capazes de garantir comportamentos térmicos excelentes se a concepção arquitectónica do edíficio, por exemplo, for um perfeito disparate, com grandes vãos envidraçados virados a norte e com as fachadas viradas a sul igualmente esburacadas, sem a neccesária protecção solar passiva. Ora há muito disto por aí com prémos e honrarias quanto baste. Da mesma forma, como se pretenderá garantir bom comportamento térmico, ou seja lá de que natureza for, a um edificio cuja estrutura foi mal projectada, mal construída - no caso dos edificios correntes para venda não existe verdadeira fiscalização, os técnicos responsáveis pela execução trabalham para o dono da obra e têm uma limitadíssima - inexistente melhor dizendo- independência -e cujas deformações acarretam a degradação das paredes exterioes e interiores com a consequente perda das suas capacidades entre elas a de garantirem o isolamento térmico.
O lobbie do térmico chegou para salavar a construção. É mais uma horda de especialistas que aparecem para garantir a qualidade dos edificios. Ora aquilo de que a construção necessita é de bons clínicos gerais sobretudo se tiverem boa formação nas áreas estruturais. E de leis claras e simples que ajudem a separar o trigo do joio. Não de leis como as que obrigam à certificação térmica dos edificios, à certificação das redes de gás etc, mas dispensam, pasme-se, qualquer verificação da qualidade estrutural dos projectos e da forma como são construídos. Está tudo doido.


 

Pedra do Homem, 2007



View My Stats