O Governo vai facilitar os despedimentos na função pública. Eis o verdadeiro sentido da tão falada reforma da função pública: facilitar os despedimentos. O Governo do PS mostra-se incapaz de efectuar seja que reforma for sem ser pela via mais brutal. Sem ouvir os parceiros e começando pelo ataque aos direitos das classes envolvidas. Neste caso o direito à estabilidade do emprego que na altura em que muitos milhares de trabalhadores optaram por serem funcionários públicos lhes pareceu ser um valor capaz de contrabalançar uma menor expectativa salarial. O PS não discute nada sobre o modelo de Administração Pública que faz falta a Portugal. Parece saber que o que faz falta é tão somente uma Administração pública em que a facilidade de despedimentos seja maior. Em que a precaridade do emprego público aumente. Poque será que o Governo não é capaz de promover uma reforma da Administração Pública como a realizada no Canadá em que a definição das funções do Estado, a efectiva requalificação das carreiras e a valorização dos trabalhadores foram as questões centrais em vez da liberalização dos despedimentos? Este Governo apenas faz, com grande eficiência, aquilo que a direita não é capaz de fazer por pudor. Faz aquilo que não esteve na base do contrato que estabeleceu com os cidadãos. Talvez por isso parte daqueles que hoje manifestam o seu apoio a estas políticas não sejam os mesmos que em Fevereiro de 2005 votaram PS para lhe dar uma maioria absoluta. Maioria absoluta que hoje é utilizada contra os seus direitos e os seus interesses.


 

Pedra do Homem, 2007



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