... que tinham tomado todas as cautelas para se precaverem dos males dos simples mortais, incluindo as invejas, os olhados e as coisas que só acontecem aos que não são poderosos ou com eles não convivem.
Num post que publiquei aqui, alguns dias antes das últimas autárquicas chamei a atenção para "as "pessoas importantes" da terra. Aqueles cuja presença é sempre bem-vinda e cuja ausência deixa uma amarga sensação de vazio e de orfandade nas candidaturas. São politicamente andróginos e, em boa verdade, nunca se sabe em quem votaram ou votarão. Tão pouco se sabe como abrem os cordões à bolsa. O que é certo é que a sua presença justifica a cobrança que irão fazer, mais tarde, ganhe quem ganhar. Afinal a sua única ideologia é a dos seus interesses que alguns políticos de asa curta e bolso farto confundem com "desenvolvimento""(*).
Algumas dessas pessoas, quais camaleões, possuem uma capacidade notável para se adaptarem à côr da folhagem política dominante. A sua presença em jantares e manifestações de apoio pode mesmo incluir números outrora considerados pouco apropriados, de que a exibição do novo cartão de militante do partido no poder, pode ser um must. Exibições deste jaez dão um acesso irrestrito e ilimitado aos círculos íntimos do poder e fazem de um qualquer Zé Manel um notável, um primu inter pares, alguém dotado de uma visão rara entre os seus, um construtor de cidades. Mas, nesta vida, nada é definitivo. Até os caciques mais inamovíveis têm que ir a votos de quatro em quatro anos. Se a vida fosse tão fácil de governar como é facil manipular a gula de alguns políticos, não se descobriria que as pessoas ditas importantes, muitas vezes, não passam de simples ídolos de pés de barro.

(*) - É claro que a terra tinha nesse post um carácter geral mas que, por isso, não exclui terra nenhuma. Digamos que se aplica ao geral e ao particular...


 

Pedra do Homem, 2007



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