A campanha que a Igreja Católica e os defensores do Não estão a levar a cabo para impor um aconselhamento obrigatória à mulher que deseja abortar, é gato escondido com o rabo de fora. Ninguém conseguiu definir tão bem como o padre entrevistado pelo Telejornal das 13 h da RTP1 aquilo que verdadeiramente os anima: conseguir que todas as mulheres possam concluir a sua gravidez. Claro que mesmo que as mulheres não desejem prosseguir a gravidez há que criar mecanismos que permitam colocá-las no bom caminho. Durante anos recorreram ao Código Penal e dessa forma não conseguiram evitar o flagelo do aborto clandestino. Agora pedem apoio ao Estado para impor o aconselhamento obrigatório às mulheres de forma a dificultar ao máximo a opção pela interrupção voluntária da gravidez.
Nunca se viu tamanha desfaçatez. Tentar na secretaria uma vitória que o povo lhes negou no referendo. E sobretudo continuar a tratar as mulheres como débeis mentais, incapazes de decidir sobre a sua vida sem a tutela e o aconselhamento do Estado ou de que actue em sua representação. Deve ser por isso que a Igreja ainda impede o ordenamento das mulheres.


 

Pedra do Homem, 2007



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