Na reportagem do Expresso, sobre a poluição, o Presidente da Câmara de Sines utiliza de novo o alibi que, segundo parece pensar, o isentárá de culpas na actual situação. Diz ele que " um projecto liderado pelo municipio de realizar um estudo epidemiológico de saúde, em Sines e nos concelhos circunvizinhos, não foi aprovado. Lamentavelmente." Claro que nunca são dadas explicações para um conjunto de questões incómodas. Por exemplo:
Quem pagaria este projecto liderado pelo municípo de Sines? Porque razão, já que aparentemente tem capacidade para liderar o projecto, não utiliza o município um ano das receitas do Fundo Térmico pago pela Central Térmica da EDP para financiar o projecto? Um ano não chega? Porque não utiliza dois ou três, quantos anos de rendas bastem?
As receitas de mais de 10 milhóes de euros recebidos do Fundo Térmico - criado por Veiga Simão, lembram-se? - desde 1985, serviram para quê ?
Porque razão esta proposta surgiu agora e não dez ou quinze anos antes? Terá isso alguma coisa a ver com o crescente descontentamento das populações e com o crescente descrédito da autarquia?
Porque não se deixa a autarquia de vigarices, politicamente falando, e faz aquilo que tem a fazer: exigir que as empresas e o Governo assumam a responsabilidade pela realização dos estudos e sobretudo façam aquilo que é tecnicamente possível para não serem tão poluidoras. A principal responsabilidade para corrigir o que está mal é das empresas e do Governo. São elas , em primeiro lugar, que devem assumir os custos para colocar a situação ambiental e de saúde pública dentro da normalidade.
Porque razão nunca a autarquia, em defesa dos interesses das populações, processou as empresas e o Governo? Junto das instâncias internacionais, em Bruxelas, por exemplo? As esmolas pagas pela Petrogal justificam este silêncio e esta demissão?
Durante anos e anos - sobretudo com este Presidente -a subserviência da autarquia de Sines relativamente às empresas da plataforma industrial - e em particular à generosa Petrogal - tem sido chocante.


 

Pedra do Homem, 2007



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